Meditação do Evangelho – 5º Domingo do Tempo Comum e reflexão sobre a mensagem de Garabandal

05-02-2023

Viver Garabandal: Garabandal e as boas obras!

Louvor a Deus +

Queridos irmãos, espero que estejam bem!

Celebramos neste final de semana o Quinto Domingo do Tempo Comum. Com ele, Nosso Senhor nos recorda que, pelo Sacramento do Batismo, temos uma grande missão: ser sal da terra e luz do mundo. Além disso, no Evangelho, Ele nos dá uma ordem: "brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus".

Na cultura médio-oriental, o sal evoca vários valores como a aliança, a solidariedade, a vida e a sabedoria. A luz é a primeira obra de Deus Criador e é fonte da vida; a própria Palavra de Deus é comparada com a luz, como proclama o salmista: «A vossa palavra é lâmpada para os meus passos, luz para o meu caminho» (Sl 119, 105). A sabedoria resume em si os efeitos benéficos do sal e da luz: com efeito, os discípulos do Senhor são chamados a dar novo «sabor» ao mundo e a preservá-lo da corrupção, com a sabedoria de Deus, que resplandece plenamente no rosto do Filho, porque Ele é a «verdadeira luz que a todos ilumina» (cf. Jo 1, 9).

Sabemos que a fé, sem as obras, é morta! Sendo assim, devemos testemunhá-la pelas nossas obras. Devemos, como nos recorda a primeira leitura: "repartir o pão com o faminto, acolher em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrarmos um nu, devemos cobri-lo, e não desprezar a sua carne" (cf. Is. 58,7), afinal, como o próprio Jesus disse, "foi a Mim que o fizestes!" (cf. Mt. 25,40).

A fé e as obras são as duas asas que capacitam todo cristão a herdar a salvação e alçar voos para configurar-se cada vez mais a Cristo. A fé justifica as obras, e as obras, por sua vez, dão testemunho da sua fé. São os frutos, as atitudes, e a vida de cada pessoa que tornará possível dizer: eis um autêntico cristão.

Não podemos nos esquecer de que a fé é significativa quando toca o ser humano, assim como o sal. Por isso, o sal - como transforma o sabor dos alimentos - a fé também precisa transformar o ser humano, precisa transformar o coração do homem, dar sabor à sua vida, dar sentido. E a experiência com Cristo precisa dar sentido aos nossos dias, à nossa vida; o cristão precisa transformar tudo aquilo que está à sua volta, ele deve fazer funcionar como a luz (a energia) a engrenagem da vida neste mundo e depois desaparecer. Porque é Cristo quem tem que aparecer, é a vida de Cristo que precisa ficar evidente em mim.

Unidos a Jesus e por causa Dele, podemos difundir no meio das trevas da indiferença e do egoísmo a luz do amor de Deus, autêntica sabedoria que confere significado à existência e ao agir dos homens. Somos destinados, então, a ser sal da terra e luz do mundo, a viver a nossa vocação profundamente, a tocar as realidades do mundo, a transformar as realidades do mundo, a fazer com que as realidades do mundo funcionem, segundo o projeto de Deus, e, depois, desaparecer para que Cristo apareça e seja glorificado.

Acontece que, se é verdade que devemos testemunhar nossa fé pelas obras, é mais verdade ainda que devemos ter uma reta intenção em nossas obras e "uma única preocupação": a glória de Deus e a salvação das almas! A nossa preocupação, enquanto discípulos de Jesus, deve ser que que tudo seja para a maior glória de Deus, e não nossa. Esta consciência deve nos acompanhar em cada gesto e em cada ação, evitando que se transforme num meio nos pormos em destaque.

Se, ao praticarmos uma boa ação, não tivermos como finalidade a glória de Deus e o verdadeiro bem dos irmãos, mas visarmos antes uma compensação de interesse pessoal ou simplesmente de louvor, colocamo-nos fora da lógica evangélica e, diante de Deus, nossa "obra" perde o seu valor. Na moderna sociedade da imagem, é preciso redobrar de atenção, dado que esta tentação é muito frequente, mesmo dentro da própria Igreja.

O Concílio Vaticano II, na Constituição Dogmática "Lumen Gentium", sobre a Igreja, nos ensina o seguinte: "A luz dos povos é Cristo: por isso, este sagrado Concílio, reunido no Espírito Santo, deseja ardentemente iluminar com a Sua luz, que resplandece no rosto da Igreja, todos os homens, anunciando o Evangelho a toda a criatura (cfr. Mc. 16,15)". O que isso significa, de fato?

Penso que, em primeiro lugar, devemos entender que Nosso Senhor, que é o "Sol", quer iluminar o mundo inteiro e, para isso, infunde seus raios na Santa Igreja, que é a "Lua"; e esta, reflete seus raios sobre o mundo inteiro. Sendo assim, cada batizado, como membro da Igreja, recebe em si os raios do "Sol da Justiça", que é o Senhor e, como missão, deve ser um canal, para que esses raios alcancem a todos, especialmente aqueles que mais sofrem e que mais necessitam. Na prática, o Bom Deus ilumina as almas por meio das nossas obras, por meio da nossa pregação e por meio do nosso testemunho, que deve ser "o evangelho vivo".

Isso vemos, principalmente, em Nossa Mãe, a Santíssima Virgem Maria que, tendo a lua debaixo dos pés e sendo revestida do Sol, que é Deus, refletiu Seus raios divinos sobre as almas e fez isso, de modo especial, em Garabandal: primeiramente, sobre as quatro videntes; mas, depois, sobre todos aqueles que se aproximam das suas mensagens. Sabemos que, em todas as aparições, a "luz" sempre está presente. É como a luz do sol, mas uma luz diferente. À noite, elas também viam a luz. Esta "luz divina" impedia as videntes de verem todas as outras coisas, porque as envolvia completamente. A Santíssima Virgem Maria, assim como no Evangelho de hoje, é essa lâmpada acesa, colocada no candeeiro (que é Garabandal!), de onde brilha para todos e, ao "brilhar", nos conduz a Jesus.

Em Garabandal, vemos que em cada palavra e em cada ação, a Santíssima Virgem Maria vai iluminando as videntes e o mundo inteiro. Vai nos iluminando com suas palavras, com suas orientações, com seus pedidos e ordens, para que abandonemos as más obras, as más posturas e as más palavras, para que as trevas desse mundo e do demônio não nos envolvam mais.

Assim como a Santíssima Virgem, Nossa Mãe, devemos assumir a nossa missão! Devemos ser sal, devemos ser luz, devemos refletir a luz de Cristo nesse mundo. Parece impossível, muitas vezes, mas devemos perseverar e seguir em frente, porque, como ela mesma disse à Conchita, uma das videntes: "Faz tudo o que possas fazer da tua parte, que nós iremos ajudar-te", ou seja, por mais que nos deparemos como nossas fraquezas, com nossos limites, com dificuldades e provações que se levantam, não podemos nos intimidar ou desistir, mas devemos fazer a nossa parte, crendo que Nossa Mãe e o Senhor Jesus irão nos ajudar. As trevas do mundo não irão nos vencer, jamais!

Enquanto seguimos nesta terra, nos unamos à Santíssima Virgem Maria e usemos as "armas" que ela nos propõe em Garabandal para que não percamos o nosso sabor, como nos diz Jesus no Evangelho e, além disso, nos esforcemos para "brilhar": servir, anunciar, trabalhar, evangelizar, testemunhar, socorrer, perdoar, amar, para que "nossas mãos estejam cheias" quando o Senhor nos chamar ou quando vier ao nosso encontro.

E então, vamos viver Garabandal?

Que o Bom Deus, pelas mãos imaculadas de Nossa Mãe, abençoe a todos!

Com afeto, orações e minha bênção sacerdotal,

Pe. Viana